A reabilitação da plataforma das vias-férreas de linhas antigas que se encontram em operação é, normalmente, uma atividade difícil, economicamente dispendiosa e que condiciona a operação ferroviária. Assim, é importante desenvolver métodos que permitam melhorar as condições de fundação dessas vias, em particular minimizando o impacto na operação ferroviária e garantindo resistência mecânica dos terrenos e regularidade longitudinal da rigidez vertical da via. O reforço de solos com fracas características geotécnicas com recurso à injeção de ligantes tradicionais – cimento ou cal – é uma técnica que tem sido utilizada com sucesso em diversos tipos de obras geotécnicas. No entanto, a sua utilização nas obras ferroviárias, em particular no reforço da parte superficial da fundação – sob a camada de balastro – em vias sem camada de sub-balastro, tem revelado ainda algumas limitações, designadamente de carácter construtivo e de garantia da qualidade. De facto, existem aspetos que têm de ser devidamente equacionados, nomeadamente a necessidade de perfurar de forma tecnicamente eficiente a camada de balastro, de garantir a integridade dessa camada (evitar que seja contaminada com as caldas de injeção, que veja reduzida a sua compacidade e alterada de forma significativa a sua geometria), de não perturbar o nivelamento geométrico da via, de garantir a homogeneidade do tratamento e a regularidade longitudinal da rigidez vertical da via. Neste trabalho apresentam-se alguns aspetos de um projeto de investigação realizado com o objetivo de desenvolver um método de reforço da plataforma ferroviária através da injeção de ligantes, sem remover a superestrutura da via-férrea. Em particular, apresentam-se e discutem-se alguns resultados obtidos num trecho experimental que foi caracterizado e monitorizado, com o objetivo de avaliar a resposta dinâmica da via-férrea à passagem dos comboios antes e após o tratamento da parte superficial da sua fundação, com recurso à injeção de cimento nos solos.