Nos Açores, as elevadas taxas de precipitação combinadas com as características geológicas naturais, a topografia, a ocupação do solo e outros processos naturais de erosão, proporcionam a ocorrência de movimentos de vertente. Neste cenário, várias soluções geotécnicas têm sido aplicadas com o objetivo de diminuir a ocorrência e a severidade destes movimentos de vertente. Este estudo teve como objetivo testar o efeito da aplicação dum novo tipo de geotêxtil, mais sustentável, na redução da erosão dos taludes e no estabelecimento de espécies autóctones dos Açores. Para tal, foram construídas duas instalações piloto, representando aproximações aos dois tipos de talude construídos em estradas: taludes de escavação e taludes de aterro. O geotêxtil projetável correspondeu a um material compósito que, após a projeção, inicia o processo de cura formando a manta geotêxtil. Para a elaboração do material compósito foram utilizadas matérias produzidas localmente como as pozolanas, os resíduos de madeira de criptoméria e as sementes de espécies autóctones dos Açores. Após 12 semanas de ensaio, foram avaliadas as massas de erosão do solo nas superfícies dos taludes verificando-se que a taxa de erosão do solo nas áreas sem o geotêxtil é cerca de 3 a 6 vezes superior àquelas com o geotêxtil projetado. A germinação de sementes autóctones foi observada nos dois tipos de talude, mas o estabelecimento das espécies autóctones foi apenas conseguido no talude de escavação, e não no talude de aterro, em virtude da rápida colonização a partir dos diásporos das espécies vegetais exóticas presentes no solo usado no aterro.